sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Texto para os pais

Segue abaixo texto que escrevi para os pais da escola.

Meu filho não lê, e agora?

Esse é um dos questionamentos mais comuns dessa geração de pais e um dos temas mais recorrentes entre os estudiosos de educação. Por que nossos jovens leem tão pouco?
A questão, na verdade, deveria ser “por que o brasileiro jovem ou adulto lê tão pouco?” Se compararmos a média de livros lidos por ano entre nós e outros países, por exemplo, teremos uma crise de vergonha: Brasil 4,7 livros/ ano X Países nórdicos 15 livros/ano. E é nesse ambiente que crescem nossas crianças. Agora faça uma pergunta a você mesmo: quantos livros leu em 2010? O que está lendo agora? Não vale computar revistas, jornais e material obrigatório para o trabalho. O que você leu pelo simples prazer de ler?
Esse hábito seu passa a seu filho. Pais leitores têm filhos leitores, e tal premissa é comprovada pelos estudos. Também é comprovado que a escola sozinha não tem condições para contribuir para que a criança tenha prazer em ler.
“Ah, mas eu já leio tanta coisa no meu trabalho, na internet, que quando descanso quero mais é um bom filme, um pouco de TV, e não ler”. Está aí. É essa postura que nós, educadores, temos percebido nos jovens. A leitura funcional do dia-a-dia é confundida com a leitura estética, feita pelo simples prazer de ler. Leitura essa que nos faz imaginar, tomar pele de personagens, e com eles compartilhar sentimentos. Identificarmo-nos com a arte da literatura nos forma como seres humanos, aprimora nossa capacidade de empatia e, claro amplia nossa cultura. Já temos informação demais, o que nos falta é conhecimento e sensibilidade. E isso um bom livro nos dá.
Estou escrevendo esse texto por um motivo específico como professora de português do Fundamental II nessa escola, percebi a falta de procura pelas duas oficinas (Meu livro, minha arte! e Senta que lá vem a história) relacionadas à leitura que as professoras oferecerão na Festa do Sorvete. Até hoje, nenhuma inscrição...
Vejo essa falta de interesse pelo tema como um forte indicador de hábito de leitura da maioria dos alunos.
A maior parte deles chega até a escola lendo apenas por obrigação, com poucas habilidades estéticas e de interpretação. Tal dificuldade será fatal no ensino médio, quando eles serão apresentados aos livros clássicos da nossa literatura , e mais pesada ainda ao se tornarem adultos com obstáculos no que se refere à aquisição de cultura.
“Ah, mas que exagero! Meu filho não tem nem 10 anos e ela já está falando de Ensino Médio”. Pode ser, mas não é apenas isso. Estou propondo uma nova perspectiva na educação de nossas crianças, na nossa própria construção humana, em que a arte (e a literatura é uma delas) não se deixa abater pela tecnologia, em que a informação passageira não ganha do conhecimento sólido e principalmente, que a superficialidade não vence a imaginação.
Um abraço a todos
Professora Tatiana